Faaalaaa Poovoo!! Aqui é o Pikachu mais uma vez na coluna Papo do Ladino, hoje trazendo para vocês um quadro novo, o “Se Inteirando”. A proposta desse quadro é falar um pouco sobre o plano de fundo de temas populares. O foco principal é em títulos que estão sendo publicados materiais tanto no RPG, quanto nos jogos de tabuleiro. Desta forma, ajudando o leitor a se ‘Inteirar’ sobre o assunto, e assim auxiliar em suas decisões de compra. Como vocês já devem ter visto, o primeiro tema desse quadro será The Witcher.
Não pretendo dar grandes spoilers neste texto, mas alguns pequenos, infelizmente serão necessários para um bom compreendimento da história.
A primeira aparição de The Witcher, foi nas páginas dos livros do autor polonês Andrzej Sapkowski. Na polônia este livro é considerado um clássico nacional, como por exemplo, Dom Casmurro aqui no Brasil.
A saga literária conta com 8 volumes. Através dos olhos do protagonista, Geralt de Rivia um ‘witcher’; vemos o desenrolar de várias tramas e intrigas de uma história envolvente com política, ação, aventura e romance.
Sapkowski em seus livros, utilizou da mesma mitologia usada por Token. Desta forma, sua história contêm um grande imaginário de criaturas e seres fantásticos, como elfos, anões, dragões, etc.
Antes de prosseguirmos para o início desta saga, acho válido analisarmos exatamente o que é um ‘witcher’. O título original dos livros na Polônia é Wiedźmin, que no polonês seria algo como Caçador de Bruxas ou Caçador de Monstros, o que é exatamente a definição de Geralt. No Brasil o termo foi traduzido como Bruxo, muitos fãs da série, como eu, acham esta tradução ruim, mas infelizmente o português têm pouca variedade para palavras deste gênero.
Um bom exemplo disso seria a comparação com Harry Potter, onde o garoto com a cicatriz de raio na testa, na tradução original é chamado de ‘wizard’, e aqui no Brasil também definiram como ‘Bruxo’.
O Surgimento dos Humanos.
Para falar deste ponto, é necessário pegar parte da conversa de Avallac’h, um elfo ‘versado’, e Geralt em uma caverna, que ocorreu nos livros, assim como elementos vistos nos jogos da série.
Os elfos foram as primeiras criaturas civilizadas a viverem naquelas terras. Eles já tinham a escrita, a cultura e a arte. Viviam milhares de anos, e justamente devido ao seu longo tempo de vida, tinham pouca necessidade de gerar descendentes frequentemente. Dessa forma o crescimento da comunidade élfica era bem lento.
Alguns dizem que os humanos surgiram na conjunção das esferas, já outros dizem que foram algumas centenas de anos antes.
Os humanos eram extremamente primitivos, por terem pouco tempo de vida eles se reproduziam em larga escala, com seu ímpeto de luxuria. Os humanos não tinham conhecimento algum, mas devido a multiplicação rápida de sua população, eles poderiam se tornar perigosos para os elfos.
Avallac’h disse que a única coisa que salvou os humanos foram as elfas. Segundo ele a aproximação e o convívio com os viris humanos, fizeram com que os ciclos de reprodução das elfas se estreitasse, e mestiços nascessem. Com a convivência com os elfos, os humanos se desenvolveram intelectualmente.
Muitos atritos começaram a surgir por território, mas os elfos por seus baixos números estavam fadados a perderem, o que obrigou os elfos ‘puros’ irem para seus refúgios secretos.
Algumas centenas de anos depois, os humanos já se dividiam em reinos e já haviam desenvolvido uma comunidade.
A Conjunção das Esferas.
A Conjunção das Esferas foi um fenômeno cósmico que ocorreu 1500 anos antes da história de Geralt. Ela foi um evento onde dois mundos se entrelaçaram, e nesta hora a magia fluiu de um mundo para o outro.
O aparecimento da magia, fez com que tudo muda-se. Ela pode ser vista como benção, mas é inegável o que veio junto com ela. Os resquícios da conjunção das esferas foram monstros que foram deixados para trás. Carniçais, Grifos e Lobisomens são apenas algumas das coisas que surgiram juntamente com este evento.
Os elfos perceberam que tinham um dom natural com a manipulação da magia. Aqueles que se especializaram nela, foram chamados de ‘Versados’, e são considerados os mais nobres entre os elfos.
Alguns humanos também aprenderam a usar a magia e dessa forma foram beneficiados por ela.
Os ‘Witchers’.
O avanço da cultura e aumento da civilização, fez com que a humanidade fosse cada vez mais para regiões selvagens, o que muitas vezes significava o encontro com monstros. Na necessidade da morte dessas criaturas foi onde surgiu os “Witchers’.
“Witchers’ são humanos modificados, muitas vezes chamados de mutantes. Seus corpos passaram por treinamentos rigorosos, além disso, por um ritual para ganharem imunidade a licantropia, resistência a venenos e efeitos negativos de poções, além do aumento de percepção e reflexos. Eles são neutros, e não conhecem piedade. Eles também conseguem usar magia, mas não são tão habilidosos com ela quanto os magos.
Como mercenários, um ‘Witcher’ pode ser contratado para matar um monstro que assombra alguma região. Muitos ‘Witchers’ matam apenas monstros, mas há aqueles que se corrompem, e podem começar a aceitar serviços para matar humanos também.
Eles são estéreis, então para aumentarem suas fileiras eles precisam recrutar novos membros. Quando um ‘Witcher’ salva algum viajante e o mesmo não possui dinheiro para lhe pagar, muitas vezes o pagamento é feito através da lei da surpresa. Onde o viajante deverá entregar ao seu salvador um tesouro por ele desconhecido quando chegar em casa.
Muitas vezes este tesouro pode ser um animal que nasceu, como um potro ou uma novilha, mas existem casos que a surpresa é um filho. Desta forma caso for um homem, a criança é entregue ao ‘Witcher’ para que a mesma se torne mais um membro desta organização. Outro método comum de acontecer é um ‘Witcher’ recrutar um órfão.
Independente do método de recrutamento, apenas metade dos meninos recrutados se tornam “Witchers”, alguns morrem no treinamento rigoroso, mas sem dúvida o maior número de mortes se dá pelo ritual.
O Próprio Geralt quase morreu devido ao ritual, e mesmo tendo sobrevivido, ele ficou com uma sequela visível, seus cabelos brancos.
Geralt de Rivia.
Geralt é o protagonista de toda esta saga. O ‘Witcher’ conhecido como , o Lobo Branco, é considerado por muitos uma lenda urbana. Assim como os outros, ele foi submetido ao treinamento muito cedo, e quase morreu com o ritual de passagem.
Logo quando saiu de Kaer Morhen, base da escola do lobo dos Witchers, seu primeiro desafio foi parar bandidos que tentavam estuprar uma mulher. Geralt salvou a mulher, mas quando a mesma olhou para o seu salvador saiu correndo de medo. Desta forma Geralt aprendeu muito cedo que seria descriminado por sua aparência.
Geralt também não tinha uma terra natal bem definida. Assim ele decidiu escolher Rívia como sua terra, por ser longínqua e ser conhecida por seu povo bruto, mesmo nunca tendo estado em Rivia.
No primeiro livro vemos Geralt contando sobre seus anos iniciais como Witcher. O mais interessante deste livro é que Sapkowski, tentou reviver histórias infantis famosas como, Branca de Neve e a Bela e Fera, de formas deturpadas e com outros pontos de vista. Logo neste livro somos apresentados a uma alegoria de personagens extraordinários como; Jaskier o bardo, Yennefer, Triss , etc.
O próximo livro chamado a espada do destino é onde a grande saga de Geralt começa. Logo percebemos ao passar das páginas que a caça a monstros é somente um plano de fundo. O autor do livro tentou trazer temas relevantes e discussões morais a tona, através da fantasia. O racismo que ocorre com Geralt , elfos e anões por exemplo, é bem evidenciado no livro, assim como suas consequências. Existe também uma grande guerra de plano de fundo e vemos um grande jogo político, onde para os reis o povo não passa de peões.
No meio disso ainda temos batalhas memoráveis, uma grande busca, personagens carismáticos e múltiplos vilões detestáveis.
Considerações Finais
Diferente de outros mundos fantásticos, Sapkowski decidiu que seus personagens seriam mais ‘humanos’ e detestáveis, desta forma seu mundo é carregado de intrigas, jogos políticos, corrupção, preconceito, sexismo, machismo, entre outros problemas da sociedade. Lembra bastante a questão dos deuses romanos, onde os mesmos, apesar de deuses eram possuidores das mazelas humanas. Com isso o que temos é um mundo mais crível e interessante, deixando o leitor preso a narrativa.
Um ponto interessante que não posso deixar passar é a relação entre livros e jogos, além da ordem cronológica.
Muito diferente dos jogos que apresentam um Geralt que mata um monstro a cada 5 minutos, nos livros cada monstro é extremamente desafiador, exigindo bastante preparo do protagonista antes de enfrenta-lo. Os Witchers contam com uma grande quantidade de óleos especiais e poções, que deverão ser usados da melhor maneira para evitar que se machuquem no combate. Isso fica extremamente evidente no livro, onde um erro pode custar uma ferida a Geralt e meses de recuperação.
Já sobre a questão cronológica, os livros acontecem antes dos jogos, desta forma os jogos não ferem o material fonte. Já a série da Netflix é uma adaptação dos livros.
Para aqueles que se interessaram pela história, dia 31/05/2021 começa o financiamento coletivo do board game The Witcher : Old World, pela editora Conclave. A história se passa vários anos antes de Geralt, na era de ouro dos ‘Witchers’. Cada um dos jogadores representam um membro de uma escola de Witchers diferente, e devem tentar ser o mais bem sucedido possível. Através da construção de um baralho de habilidades, os jogadores deverão derrotar monstros e ganhar ouro. Fora temática sensacional , o jogo também conta com miniaturas belíssimas.
Bom pessoal , espero que vocês tenham gostado deste primeiro episódio. Por favor abusem da caixa de comentários e deixem sua opinião para melhorarmos , assim como sugestões para o próximo tema.
Abraços e até a próxima.