Faaaala Povo! Hoje venho falar pra vocês o porquê da importância de qualidade da arte e componentes de um jogo pra mim e ainda citar alguns jogos que merecem o Selo é lindo!
Não poderia começar esse texto sem contar a história desse “importantíssimo” selo. Pra quem ainda não conhece, nos primórdios do Covil, eu sempre fui o cara que mais falava sobre os componentes e as artes dos jogos, era algo que sempre tinha muito minha atenção quando, numa noite de jogatina, estávamos abrindo alguns jogos que chegaram para o Paulo e um deles era o Tsuro.
Ao abrir o jogo, me deparei com uma folha de seda (muito bonita por sinal), levantei essa folha contra a luz e soltei essa icônica frase: “É lindo!” Paulo, como sempre, não deixa nada passar despercebido, e sempre que aparecia algum jogo bonito ele me fazia falar isso. Quando o canal começou a engrenar (não que ele tenha engrenado), ele deu a ideia de criar o Selo é Lindo.
Agora que conhecem um pouco dessa história, vamos ao texto…
Fiz algumas pesquisas sobre dados referentes ao conceito visual hoje em dia, que mostra o quanto essa parte deve ser trabalhada. As informações são referentes à outras áreas, mas podem ser muito bem assimiladas no mundo dos jogos.
Para se ter uma ideia de como vivemos em uma era de informação visual, no Snapchat são compartilhadas 9.000 fotos por segundo, já no Facebook mais de 500 milhões de pessoas assistem vídeos diariamente, sendo que 85% deles são tocados no mudo. Por segundo, no Instagram, mais de 500 milhões de usuários entram diariamente para curtir fotos, comentar e postar stories.
A maioria das informações que chega aos nossos olhos é absorvida consciente ou inconscientemente pelo nosso cérebro.
O livro Brain Based Learning, mostra que 40% dos nervos do cérebro estão conectados de alguma forma à retina; possuímos mais neurônios dedicados à visão do que todos os outros sentidos combinados.
Segundo um estudo realizado por S.Thorpe, D.Fize e C. Marlot chamado A velocidade de processamento no sistema visual humano, leva apenas 150 milissegundos para uma imagem ser processada pelo nosso cérebro e mais 100 milissegundos para que entendamos seu significado.
Outro estudo mostra ainda que imagens, ilustrações e ícones são processados até 60.000 vezes mais rápidos que uma frase ou um texto.
Roger Shepard, no seu projeto Learning 1000 Pictures, mostrou que pessoas expostas a 612 imagens pelo tempo de 6 segundos, tiveram uma taxa de acerto de 98% em se recordar delas em testes de duas alternativas. Neste mesmo teste, porém com palavras e pequenas frases, essa taxa cai para 88%.
Tenho certeza de que vocês absorveram essas informações mais pelas imagens do que pela escrita. Dessa forma podemos ver o quanto essa parte visual é importante para a compreensão, na nossa tomada de decisão e o quão grande é seu impacto em nosso cérebro. A maioria de nós, boardgamers, já entrou em uma loja, luderia ou site e despertou interesse em algum jogo que não conhecia, por causa da arte ou do tema.
As pessoas retém 65% de informação quando ela é exibida com elementos visuais relevantes. No nosso hobby os jogos “vistosos” tendem atrair muito mais compradores que não possuem um conhecimento a fundo, do que os demais jogos.
Não estou dizendo que a mecânica não seja importante, tanto que sou do time dos Eurogamers, que prefere mecânicas do que o tema (apesar que um EUROZÃO com arte e componentes lindos, faz o coração bater até mais forte). O ponto aqui é o quão importante as características de arte são, para despertar o interesse em novos jogos, sem que eles sejam já jogos hypados ou mesmo indicados por alguém que já os conheça.
Nunca gostei de olhar e dar valor num jogo por colocação em algum ranking, por isso acho de extrema importância o marketing atrás do jogo e toda sua qualidade de arte/componentes. Essas características combinadas com o tema do jogo, serão a porta de entrada para que as pessoas possam despertar o interesse em conhecer ou adquirir novos jogos.
Sempre fui muito da parte visual, já tentei fazer alguns rabiscos em desenhos e tenho uma pasta cheio deles, mas com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais de lado esse hobby que eu tinha. Sempre que posso, gosto de visitar museus e admirar obras de arte, e o mesmo passou a se aplicar desde que entrei no hobby dos jogos de tabuleiro. Sempre me admira ver jogos com uma bela arte e componentes bem feitos.
Quando não tenho uma indicação ou hype por algum board game, o que sempre me atrai em um primeiro momento é sua arte, a partir daí que vou atrás de mais informações sobre o jogo. Já houve vários casos em que deixei de conhecer algum, simplesmente por ele não ter despertado visualmente a minha atenção, como aconteceu comigo e o jogo Race for The Galaxy. Era um jogo que eu literalmente não dava nada, a arte não era atrativa, o design nas cartas espantava ainda mais. Porém, devido a várias conversas com pessoas que já o conheciam, resolvi dar um chance e vi que no emaranhado de cartas horríveis, havia um excelente jogo, quiçá um dos melhores card games que eu conheço.
Temos também como exemplos alguns excelentes jogos clássicos que passam despercebidos devido sua arte. Um deles até teve uma nova edição, mas ao meu ver, piorou o que já não era bonito; estou falando de Castles of Burgundy. Outro grande exemplo que é sempre falado devido sua arte feia é o Puerto Rico.
Mesmo dizendo que gosto mais de mecânicas do que o tema em si, acho que hoje em dia é quase que obrigatório os jogos terem esses dois quesitos balanceados. Desde que comecei no hobby, percebi que grande parte dos jogadores tem cada vez mais buscado jogos com o visual mais apelativo, componentes bonitos e tema atual.
Depois de tudo isso, agora vocês sabem um pouco da razão de minha fixação por jogos bonitos e o porquê do Selo é Lindo. Agora vou deixar aqui alguns dos jogos que têm o Selo é Lindo e são as artes mais bonitas dentre os jogos que já joguei.
Century: Rota das Especiarias
Artista: Fernanda Suarez
Blood Rage / Rising Sun
Artista: Adrian Smith
Auztralia
Artista: James Colmer
Android: NetRunner
Artistas: Bruno Balixa, Ralph Beisner, Del Borovic, Gong Studios, Henning Ludvigsen, Mark Anthony Taduran
Brass: Birmingham
Artistas: Lina Cossette, David Forest, Damien Mammoliti
Abyss
Artista: Xavier Collette
Root
Artista: Kyle Ferrin
Invasores do Mar do Norte
Artista: Mihajlo Dimitrievski
Deixar uma observação aqui: Citei somente o Invasores, mas gostaria de ressaltar o trabalho do Mihajlo. Todos os jogos que ele ilustra são realmente muito bonitos.
Scythe
Artista: Jakub Rozalski
Scythe é sem dúvidas o jogo que eu mais gostei da arte e dos componentes.
Tsukiji
Artistas: Alex Mamedes, Dan Ramos
Wingspan
Artistas: Ana Maria Martinez, Natalia Rojas, Beth Sobel
Valente – O amor em jogo.
Artista: Vitor Cafaggi
Gnomopolis
Artistas: Marcelo Bastos, Patrick Matheus, Luís Brueh
Lord of Hellas
Artista: Piotr Gacek
Dwar7s: Outono
Artista: Luís Brueh
Tsuro
Artistas: Cathy Brigg, Shane Small, Franz Vohwinkel, Imelda Vohwinkel
Gostaria de deixar claro, que citei somente os que vieram a mente quando tento lembrar de jogos com arte bonita, com certeza deixei de citar algum que mereceria estar aqui presente no texto. Outro ponto é o destaque para os jogos nacionais, que têm a cada jogo lançado, surpreendido pela qualidade geral, não citei alguns deles como por exemplo, Cosmos, Luna Maris e Brazil, pois ainda não foram lançados, mas que pelas informações que tenho e pelo que já conheci desses jogos, com certeza estariam citados aqui, caso o texto fosse publicado mais no futuro.
Pra finalizar, lembrem-se, não existe um jogo obrigatório na coleção de todos (exceto Piratas! Aliás, comprem Piratas!), cada pessoa tem um gosto, ou um filtro pelos jogos, sempre que possível tente ir atrás de alguma informação, busque conhecer o jogo antes de adquiri-lo, assim você consegue mitigar suas decepções, mas dica do Rei do Block, procure jogos com arte e componentes com o selo É Lindo!
Um abraço e até o próximo texto.
PS: Se você curte nosso blog com os textos que têm sido publicados, considere votar na gente no Prêmio Ludopedia, estamos concorrendo em 4 categorias.
Excelente!
Sou muito criticado por alguns colegas do meu grupo de jogos, por não manter em minha coleção jogos com baixo apelo visual (salvo poucos como Castles of Burgundy). No entanto para mim o apelo visual não interfere muito, mas 80% das minhas partidas são com minhas filhas (14 e 12 grandes fãs do canal) e para elas conta 100%. Ao ponto de não querer se sentar para jogar um jogo dito “feio”. Apesar de que jogo apenas bonito também não agrada, elas adoram jogar Alchemist, jogo bom, difícil e belo, mas Attack On Titan não agradou (apenas para citar dois exemplos), Castles of Burgundy mantenho porque eu gosto mesmo, é muito raro elas gostarem.
Enfim, concordo que a atração visual depende muito de pessoa para pessoa. Mas com certeza ajuda muito quando se quer atrair pessoas ao “robin”.
Luiz valeu demais pelo comentário, é o que disse, hoje em dia, arte e mecânica precisam estar equilibrados, já se foi o tempo em que não era importante os componentes e arte do jogo. Sobre o Attack on titan, é o tipo de jogo que vai gostar, quem já é fã do Anime/Mangá, eu curti ele, mas têm sido um dos meus mangás favoritos. Talvez quando elas assistirem ao anime, o gosto delas mude. Mas nessa idade não sei se o anima é pra elas, hehe! Manda um abraço pra elas e obrigado por acompanhar o canal.
Muito bom, Jean! Parabéns pela pesquisa!
Só senti falta de algum jogo do Ian O ´Toole, que é uma artista que anda muito cultuado.
Existe uma lista completa dos jogos com o selo “é lindo”? Estou assumindo que a lista desse artigo não é exaustiva.
Pergunta de bastidores: você é o único habilitado a outorgar o selo, ou os demais integrantes também podem fazê-lo? Há discussão sobre o assunto, ou o Paulo te pega de surpresa na hora da live nórdica?
Muito bom ver mais artigos aqui!
Sds,
Eduardo
Valeu pelo feedback Eduardo! Sobre os jogos em que o Ian ilustra, não apareceu pois joguei somente o Lisboa, os demais nem de perto eu vi, mas por imagens, vi que seus jogos realmente são lindos, Black Angel ou até mesmo o mais novo xodó do pessoal do hobby Carnegie.
Ainda não existe lista completa do Selo é lindo, acho bem difícil de fazer, querendo ou não, muitos jogos acabam por merecer o selo, quis citar alguns que foram artes que de alguma forma me marcaram, a ponto de sempre lembrar delas.
Nos bastidores, todos têm a liberdade de dar o Selo é lindo e também não fica restrito somente ao Covil, todos podem usar o Selo! Quando estava ativo nas gameplays antes da pandemia, eu sempre me esquecia do Selo, pois virou algo já de costume, ai Paulo sempre me pegava de surpresa lembrando do Selo. No Covil quase nunca tinha discussão, era mais no improviso e nas surpresas que o Paulo nos fazia passar.
Novamente agradeço pelo feedback, uma honra você ter lido o texto, já que admiro a forma como produz os seus, posso não comentar, em quase nenhum dos posts aqui, mas leio todos e já aproveito para parabenizar!
Eu é que agradeço pela oportunidade de expor minhas ideias e fazer parte, ainda que de longe, dessa família que é o Covil!
Por isso não jogo Race for the Galaxy! (“treta has been planted”)
HAHA Eu também tinha um enorme preconceito com as cartinhas dele, mas o jogo é muito bom!
Comentei no Ludopedia e vou comentar aqui tbm, agora que finalizei a leitura. Me identifico com jogos com arte e tema atrativos, não apenas por gosto pessoal, mas tbm pq devemos ter jogos que possam ser jogados, ver mesa. Isso significa que devemos acompanhar os interesses dos nossos grupos de jogatinas tbm.
No meu caso, que costumo ser o jogador mais “expediente”, preciso apresentar jogos para a família e para (em sua maioria) entrantes no hobby. Aliás, acho que o mercado tem crescido nesse nicho, e jogos de entrada, familiares e médios devem ter sim um bom apelo visual se quiserem vender mais. Obviamente isso tem um preço, mas o que sai caro é um jogo mais barato e que não frequenta jogatinas.
Um exemplo por aqui, Power Grid, jogo excelente, mas é feio, não atrai os olhos dos mais novos (de idade e de hobby). Comprei recentemente o Cleopatra Delux (pena nao ter a versão Premium após kickstarter), e foi um sucesso completo, o jogo “é lindo!” e agradou a todos.
Abraço! Ótimo texto!
Fala Helbio!!! Agradeço por aqui também ter lido o texto e o seu feedback. Justamente essa questão, foi uma excelente comparação a que você fez com o PG e o Cleopatra, fica claro o apelo que os jogos têm hoje em dia, nos quesitos citados no texto, tema, arte e componentes, junta isso com uma boa mecânica e provavelmente será um jogo bem difícil de ficar “encalhado”. Já era gostoso ver as expressões de novos jogadores, quando se apresenta algum jogo, agora quando se apresenta algo muito visto é melhor ainda a reação/recepção. Um grande abraço
Comentei no Ludopedia e vou comentar aqui tbm, agora que finalizei a leitura. Me identifico com jogos com arte e tema atrativos, não apenas por gosto pessoal, mas tbm pq devemos ter jogos que possam ser jogados, ver mesa. Isso significa que devemos acompanhar os interesses dos nossos grupos de jogatinas tbm.
No meu caso, que costumo ser o jogador mais “expediente”, preciso apresentar jogos para a família e para (em sua maioria) entrantes no hobby. Aliás, acho que o mercado tem crescido nesse nicho, e jogos de entrada, familiares e médios devem ter sim um bom apelo visual se quiserem vender mais. Obviamente isso tem um preço, mas o que sai caro é um jogo mais barato e que não frequenta jogatinas.
Um exemplo por aqui, Power Grid, jogo excelente, mas é feio, não atrai os olhos dos mais novos (de idade e de hobby). Comprei recentemente o Cleopatra Delux (pena nao ter a versão Premium após kickstarter), e foi um sucesso completo, o jogo “é lindo!” e agradou a todos.
Abraço! Ótimo texto!