– Seja bem-vinda ao grandioso reino de Xidit (pronuncia-se Zídit, eu acho). Aqui em nossas gloriosas vilas você pode se deliciar com o nosso tradicional cordeiro assado, enquanto ouve músicas alegres, bebe uma taça de vinho branco e vê o mais lindo crepúsculo que seus olhos jamais testemunharam! De manhã você pode ir à celebração conduzida pelo poderoso clérigo, ou ver os guerreiros treinando no quartel.
(A fala é interrompida por gritos ao fundo)
– Não se assuste, forasteira! Deve ser apenas mais um monstro gigante atacando a vila. Venha, vou lhe mostrar o seus aposentos!
Faaaaaala fabulousers, tudo bem? Hoje eu resolvi escrever sobre um jogo que eu adoraria ver em terras brazucas, chamado Lords of Xidit.
Lords of Xidit é ambientado em um universo de fantasia, mais especificamente no reino de Xidit, onde ataques de poderosas criaturas malignas são recorrentes em suas cidades. Mas há esperança! Bravos aventureiros, montados em criaturas que mais parecem lagartos gigantes, tomaram para si a missão de libertar o reino de Xidit desses monstros malvados! Esses aventureiros são chamados de Idrakys, e é aí que começa a nossa jornada.
Cada jogador escolhe um Idraky das cinco cores disponíveis (preto, vermelho, azul, amarelo e verde), recebe também as miniaturas de plástico de torres e fichas (marcadores) de bardo (tudo na sua respectiva cor). Seu objetivo nesse jogo é derrotar a maior quantidade de monstros e acumular mais riqueza e reputação do que os seus adversários.
Objetivo do jogo
Comecemos pelo fim (sim, pelo fim): Lords of Xidit não é um jogo onde o melhor ganha, mas sim onde os piores perdem. Parece confuso? Vamos esclarecer melhor isso:
Na imagem acima, você vê os três critérios de vitória da partida, devidamente ordenados. Esses critérios são sempre os mesmos, porém, a ordem deles é aleatória em cada partida.
Torres das guildas dos magos: Ao fim do jogo, cada jogador conta quantas peças de torres conseguiram colocar no tabuleiro. Os jogadores que tiverem o menor número são eliminados da partida nesse critério.
Pontos de reputação: Durante o jogo, os jogadores terão a opção de distribuir fichas de bardo nas regiões. Essas fichas são utilizadas durante a partida para disputar o controle das regiões do tabuleiro. De acordo com a quantidade de fichas em cada região, os jogadores irão receber Pontos de Reputação, que é o que importa para o critério de vitória em questão.
Na imagem acima, o jogador que tiver mais fichas de bardo nessa região, recebe 4 pontos de reputação, o segundo jogador com maior número de fichas, recebe 2 pontos de reputação. Mais tarde irei explicar como esses marcadores são colocados nas regiões!
No centro do tabuleiro existe uma pequena fortaleza em 3D. Ela funciona de maneira similar às outras regiões, porém, os marcadores de bardo são colocados dentro dela e só são revelados ao final da partida, fazendo com que a disputa por essa região seja às escuras. No fim, o jogador com maior quantidade de marcadores na fortaleza, recebe 6 pontos de reputação, e o segundo colocado recebe 4 pontos de reputação.
Após todas as regiões do tabuleiro terem sido contabilizadas, os jogadores vão somar os seus pontos de reputação. Os jogadores que tiverem menor quantidade de reputação são eliminados nesse critério.
Riquezas: Esse é o critério mais simples! Ao final da partida, os jogadores somam o dinheiro obtido e, aqueles com menor quantia, são eliminados nesse critério.
Vou dar um rápido exemplo da pontuação final para vocês entenderem.
Vamos supor que os critérios de vitória estejam dispostos da seguinte forma:
Primeiro Critério: Pontos de Reputação
Segundo Critério: Torres da guilda dos magos
Terceiro Critério: Riqueza
Agora que vocês entenderam o objetivo do jogo, vamos entender como a magia acontece no tabuleiro!
O tabuleiro é composto por 21 cidades, devidamente numeradas. Para cada uma dessas cidades, existe uma peça frente e verso como da foto acima. De um lado, a peça mostra um monstro, uma ameaça; do outro lado, mostra unidades (guerreiros) que podemos recrutar.
Numa partida com 4 jogadores, são sorteadas 10 dessas peças, sendo que cinco delas entrarão no tabuleiro com a face de monstro para cima, indicando que há um monstro atacando aquela cidade; e as outras cinco, entrarão com o lado de recrutamento para cima, indicando que há guerreiros disponíveis para serem convocados para o seu time.
Agora vou apresentar essas peças pra vocês, com mais detalhes!
Note que existem setas indicando o sentido em que as unidades devem ser retiradas (que é sempre começando pela mais comum, até chegar à mais rara).
Imediatamente após entrar em jogo, a cidade deve ser preenchida com as miniaturas plásticas correspondentes. No exemplo acima, o primeiro jogador a recrutar naquela cidade, teria que, obrigatoriamente, pegar a unidade laranja (milícia). Ao recrutar uma unidade, você imediatamente deve coloca-la atrás do seu biombo.
Essas são as unidades existentes no jogo, nem todas estão presentes em todas as cidades:
Laranja – Milícia: Cidadãos comuns que se armam para enfrentar os monstros
Verde – Arqueiros
Cinza – Guerreiros
Branco – Clérigos
Roxo – Magos
Essa é uma peça com a face de ameaça voltada para cima. Os ícones coloridos abaixo representam as unidades necessárias para derrotar aquele monstro. Para fazer isso, basta mover seu Idraky até a cidade onde o monstro está, enfrenta-lo e descartar as respectivas unidades que estejam atrás do seu biombo (nesse exemplo, uma laranja, uma cinza e uma roxa).
Após derrotar um monstro, você tem direito a duas das recompensas mostradas na ficha. Essas recompensas estão ligadas diretamente aos critérios de eliminação que mostrei no início do texto!
- Ao escolher a recompensa das torres da guilda dos magos, você pode, imediatamente, colocar aquela quantidade de peças de torre na cidade onde você acabou de derrotar o monstro.
- Ao escolher a recompensa de fichas de bardo, você deve, imediatamente, distribuir essas fichas em uma ou mais regiões que estejam adjacentes à cidade onde você acabou de derrotar o monstro.
- Ao escolher a recompensa em dinheiro, você simplesmente pega as moedas no estoque geral e guarda atrás do seu biombo.
Um toque de genialidade:
Vocês se lembram de que monstros e cidades são duas faces da mesma peça, não é? Pois esse é um dos pontos mais positivos do jogo pra mim, mecanicamente falando. Existem duas regiões no tabuleiro dedicadas ao descarte dessas peças. Essas regiões criam um sistema onde os monstros derrotados irão retornar futuramente como cidades, e as cidades vazias retornarão como monstros. Notem que, dessa forma, todas as cidades do tabuleiro serão ativadas, ora como ameaça (monstro), ora como recrutamento.
Motor do jogo
Vamos falar agora sobre o que movimenta todas essas peças no tabuleiro. A principal mecânica por trás de Lords of Xidit é ação programada.
Cada jogador vai receber um pequeno tabuleiro individual, que na verdade é um “programador de ações” (aqui eu chamo carinhosamente de “PSP”).
Esse tabuleiro possui seis espaços de ação (é o total de ações que cada jogador faz em uma rodada). Para cada um desses espaços, os jogadores irão, simultânea e secretamente, definir o que será feito. As ações possíveis são:
Depois que todos os jogadores já tiverem se programado, todos revelarão simultaneamente os seus tabuleiros e irão realizar as ações na ordem do turno. O primeiro jogador realiza sua primeira ação, em seguida o segundo jogador realiza sua primeira ação, o terceiro jogador realiza sua primeira ação, e assim segue até que todos os jogadores tenham completado todas as seis ações.
O jogo termina após 14 rodadas completas (ou 9 rodadas completas, na variante rápida).
Minhas considerações sobre Lords of Xidit
Vou manter a minha empolgação costumeira e dizer que esse jogo está no meu top 10. Desde a primeira partida, Lords of Xidit é um jogo que me ofereceu uma experiência inesquecível. A começar pela produção: O tabuleiro é enorme, as peças de papelão são de excelente qualidade (assim como as de plástico), a arte é encantadora, com cores bem vivas; e as miniaturas são um charme.
Tenho que falar um pouco sobre as miniaturas, pois Lords of Xidit é definitivamente um jogo produzido com esmero. As torres se resolveriam com cartonados? Sim. As unidades se resolveriam com cubos? Sim. Mas a escolha da produção foi de modelar miniaturas charmosas e coloridíssimas para deixar jogo ainda mais imersivo, ainda mais belo, mais agradável de olhar e manusear.
A interação entre os jogadores é muito divertida, pois, por se tratar de ações programadas, pode acontecer de alguém ter decidido fazer a mesma coisa que você e ainda chegar antes. Você tenta, o tempo todo, ler a mente dos adversários para não correr o risco de programar seus movimentos e terminar com as mãos abanando no final da rodada.
Sobre a quantidade de jogadores, quanto mais, melhor. O jogo suporta até cinco pessoas. Em partidas com 3 jogadores, entra um dummy player que é bem fácil de controlar. Talvez dê pra jogar com 2 pessoas, mas creio que fique um pouco frouxo por causa da baixa interação.
As partidas duram no máximo 1 hora, sendo que podem durar bem menos (cerca de 30~40 minutos) em mesas com jogadores mais experientes no jogo.
Gostaria de deixar os meus sinceros agradecimentos a quem leu até aqui! O que achou do jogo? Despertou a sua curiosidade? Já jogou? Concorda ou discorda de mim em algum ponto? Deixe o seu comentário e vamos bater um papo sobre esse jogão!
E deixo um apelo às editoras nacionais: O povo brasileiro merece a diversão de Lords of Xidit em suas mesas!!
Abraçooooo!!!!!