Você acompanhou os anúncios da GenCon in Portuguese?
Se sim, aposto que está ao menos um pouco empolgado com alguns dos anúncios feitos durante a feira online. Barrage com expansão? Expansão de TI4? Pandemic Legacy 0?
É, teve muito anúncio empolgante, que a galera estava esperando demais. Mas o que quase passou despercebido, foi alvo de alguns reclamões da internet, mas, na minha opinião, foi o anúncio mais importante da feira online foi o universo de Quartz.

A Grok Games anunciou que 4 novos produtos serão adicionados ao seu “Quartzverso“. Onix, Lapidarius, Quartz – O Jogo de Dados e Quartz Kids. Mas como um anúncio tão pouco comentado na indústria e na mídia especializada pode ser tão relevante assim?
Para quem já leu o, que publiquei aqui alguns dias atrás, isso pode estar mais claro. Eu comentei por lá como a ideia de uma linha de produtos sob uma mesma marca molda as lojas e amplia as vendas da própria linha. E é aí que entra o Quartzverso.

Um dos jogos brasileiros de maior sucesso no mercado nacional, Quartz já vem sendo destaque e campeão de vendas desde o seu lançamento em 2015. Várias reimpressões do jogo já foram feitas e ele segue como um dos preferidos do público brasileiro. Para se ter uma noção, Quartz é o único jogo criado por um brasileiro com mais de 1000 avaliações na Ludopedia. Um jogo com uma força comercial dessas precisa ser reeditado e deveria estar sempre no mercado.
A linha Quartz vem, então, para ser a primeira grande linha de jogos criada 100% no Brasil. Um passo gigante para uma indústria que sempre engatinhou e sempre esbarrou em frases do tipo: “Nossa, é muito bom pra um jogo nacional.” Quartz também passa a ser uma linha que vai brigar por visibilidade e espaço de prateleira dentro das lojas e, no melhor estilo Asmodee, expande sua linha para um público mais abrangente e diverso.
Por esses motivos eu achei o anúncio mais relevante, em termos de mercado, para o Brasil.

Nós que trabalhamos com isso, que “Nosso work é Playar”, sabemos que os bons jogos acabam vindo para o Brasil, hoje em dia. Não tem escapatória, é muita editora, uma hora os bons títulos chegam. Sendo assim, expansões de jogos consagrados ou os hypes do momento como Barrage ou Maracaibo acabam sendo mais do mesmo: bons ou excelentes jogos, criados lá fora, testados no mercado, chegando ao Brasil. Uma terça-feira normal.
Uma empresa que traz uma linha de produtos já testada – e aqui não vai nenhum tipo de julgamento em relação a essa política – se arrisca muito menos que as empresas que criam produtos originais. Isso também tem a ver com o fato de que um projeto desses tem menor potencial de retorno em relação a projetos autorais: todo estúdio está a um jogo do sucesso.
Para se tornar rentável e perene, uma empresa de jogos precisa acertar o seu carro-chefe, aquele jogo que sempre tem saída e que vai sempre ser licenciado para outros países, com novas tiragens etc. O Quartzverso é um importante passo para que o Quartz se consolide dessa forma.
Outra coisa que seria importante frisar é quanto os jogos autorais influenciam e ampliam a relevância dos prêmios – como o Dragão de Ouro e o Prêmio Ludopedia – que temos por aqui em nosso mercado, mas isso é assunto para outro texto.
Caso este texto não tenha sido suficiente, sugiro que também escute este podcast: “”. Lá eu conversei com o Fel Barros sobre jogos Evergreen.
Gostei do post Renato, foi muito legal destacar a corregem de fazer jogos nacionais e expandir o mercado
Valeu, Daniel! É de fato um risco. A vantagem é que pode ter uma grande recompensa.
Um abraço!