Azul é um dos maiores sucessos de crítica e público dos últimos anos. Venceu o Spiel des Jahres, lidera o BGG (BoardGameGeek) no ranking de abstratos (sendo praticamente o responsável pelo renascimento desse gênero no mercado, que teve desde então Sagrada, Dragon Castle, Reef, e por aí vai).
Azul é tão bem sucedido que virou uma série anual. Todo ano sabemos que teremos o show do Roberto Carlos em dezembro e um novo Azul lançado na Spiel (que, no que já vem sendo uma tradição, meu amigo -e apoiador do Covil- João Menezes traz para mim)!
Eu sou simplesmente fascinado pelo Azul. Tenho todos 3 jogos na coleção. O primeiro é fantástico, uma verdadeira obra-prima! Já o segundo (Vitrais de Sintra), ficou abaixo do original, achei bem mais ou menos (gostei da mecânica do vidraceiro, mas todo o resto me pareceu muito forçado). O terceiro, Pavilhão de Verão, que está sendo lançado por agora pela Galápagos Jogos, embora não suplante o original, acabou se tornando a melhor evolução do conceito!
Tematicamente, estamos construindo um salão (o tal pavilhão de verão) planejado por Dom Manuel I para honrar os membros mais ilustres da família real portuguesa. Infelizmente, ele morreu antes de comissionar a obra. Neste jogo, somos os artesãos de sempre, voltando a Portugal numa história alternativa para construir o que foi apenas planejado. Levando em consideração que Portugal possui 240 castelos, podemos imaginar que não faltará tema para o Kiesling produzir jogos para essa série por um bom tempo!
A mecânica principal é a mesma de sempre, mas com alguns detalhes. Escolha uma das fábricas, compre o lote, pegue os ladrilhos da mesma cor e jogue o resto no meio. O que está no meio pode ser comprado, mas o primeiro a fazer isso sofre uma punição (porém tendo a oportunidade de ser o primeiro jogador a partir da próxima “fase” do jogo – guarde isso, eu já explico).
O que muda?
Em primeiro lugar, temos peças de mais cores (6 e não 5). O tabuleiro individual possui um mosaico de 7 “flores” (sim, eu sei, parecem estrelas, mas flores possuem pétalas, o que facilita a explicação), seis para serem preenchidas com peças da mesma cor e a central, para ser preenchida com uma peça de cada cor, na ordem que o jogador quiser.
Cada “pétala” da flor possui um número, que representa quantas peças precisam ser colocadas ali para completa-la. Diferente do jogo original, cada pétala precisa ser completa de uma vez só, isso é, você vai precisar ter seis peças para completar a pétala de número seis.
Porém, e essa é a grande mudança, você não usa as peças quando compra. Você as acumula até que todas as peças tenham sido compradas. E então, na ordem ditada pela peça de “primeiro jogador”, cada um completa uma pétala de cada vez, ou passa. Se passar, não pode colocar mais peça. Cada pétala vale um ponto, mas se houverem peças laterais, cada uma dá mais um ponto (como no jogo original).
Tentando explicar melhor: cada rodada tem duas fases: a compra de peças e a colocação no tabuleiro.
A ordem de jogador na segunda fase é importante porque existem os bônus. Sempre que você completa as pétalas ao redor de uma coluna, uma estátua ou uma janela, você ganhas peças extras, que devem ser escolhidas do tabuleiro central. Quem executa primeiro tem mais chance de escolher o que lhe interessa.
Ainda existem outros detalhes: toda rodada tem uma cor que funciona como coringa, isto é, ela pode ser usada para completar pétalas de outras cores, contanto que você use pelo menos uma peça da cor correta. O coringa da rodada não pode ser comprado diretamente. Se você compra peças de uma fábrica que tem coringas, você leva um deles (os demais vão para o meio). O mesmo mecanismo se repete no centro.
A ordem dos curingas é pré-determinada, então uma jogada típica é guardar coringas da rodada seguinte (o jogo permite que você leve 4 peças de uma rodada para a outra).
Por outro lado, a peça de primeiro jogador é mais caro. Você perde pontos imediatamente por usá-lo, um para cada peça recebido quando o pega.
O jogo possui um número fixo de seis rodadas. Ao final, além dos pontos já obtidos, contam-se os bônus: flores completas valem um valor específico para cada uma e o conjunto de pétalas de mesmo valor (1 a 4) também são premiadas.
Os componentes são de ótima qualidade. As peças plásticas, em formato de losango, parecem fichas de pôquer. Os tabuleiros individuais também são bem feitos (e possuem dois lados, um com as cores pré-determinadas, outro livre, como no jogo original). A torre para guardar as peças utilizadas (que já vinha no Azul Sintra) é uma boa adição.
Apenas o tabuleiro central, feito em cartolina, destoa do conjunto. Eu também não gostei dos marcadores do pontuação. São de madeira, mas as cores são muito parecidas e eles ficam meio apertados na trilha de pontuação.
Como jogador, o que eu acho?
Azul Pavilhão de Verão é a melhor evolução do conceito até agora. O jogo é imediatamente reconhecível para quem jogou o original, mas se torna bem menos agressivo do que o anterior. Dificilmente se tem uma pontuação exageradamente negativa. A competição aqui é pela eficiência, não por afundar o amiguinho.
Apesar disso, é um jogo que requer um pouco mais de planejamento e por isso demanda mais tempo. Você claramente precisa definir bem a ordem de como irá realizar suas jogadas. Você quer colocar as pétalas em sequência, mas também quer pegar as peças extras, e resolver esse aparente conflito é o que dá satisfação ao jogador. Partidas que levavam de 30 a 40 minutos passaram a ter 50-70.
Azul Pavilhão de Verão é uma boa adição a coleção de qualquer jogador que gosta jogos abstratos. Se você só quer ter um Azul na sua coleção, eu ainda ficaria com o primeiro. Mas esse é com certeza, uma ótima pedida para quem já enjoou do original
Observação: este review foi realizado com base na versão em inglês do jogo, lançada pela Next Move.
Eduardo Vieira é analista de sistemas, e participa do Hobby desde 2018, mas vem tentando descontar o tempo perdido! É casado, mora no Rio de Janeiro e vive reclamando que não tem parceiros para jogar tudo que compra!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Avaliações
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Eduardo Vieira
Olá Eduardo, parabéns pelo Review do Azul: Pavilhão de verão. Tenho dois questionamentos em relação aos azuis:
01 – A expansão mosaico de cristal, melhora a experiência do azul, levando em consideração na hora de apresentar para novos jogadores?
02 – Para novos jogadores, você indicaria o azul ou pavilhão de verão, exclui o cristais, porque você comenta que não gostou muito.
João,
Obrigado pelo elogio!
Eu ainda não joguei a Mosaico de Cristal (está a caminho). Pelo que entendi, é uma adição interessante, gera assimetria para os jogadores. Mas eu acho que é pra quem já jogou muito o básico.
Eu acho que falei sobre o que você pergunta na segunda questão: eu acho que o Azul original é o melhor da série, inclusive para novos jogadores. O novo (Pavilhão de Verão) é muito bom também, pode ser apresentado sem problemas a novos jogadores, mas a partida será razoavelmente mais longa. E
Muito bom review, Eduardo! Excelente contribuição e me convenceu a comprar.
Vou pedir comissão para a Galápagos!! 🙂
Excelente review Eduardo!!
Deu o empurrãozinho que eu estava esperando pra comprar o Azul.
Obrigado, Gabriel!
Gostei muito do seu comentário, porém ainda tenho dúvidas porque gosto muito do Azul original e como jogo com minha irmã ela , pelo que viu, também prefere o primeiro. Sucesso para todos vocês do Covil dos Jogos.
Viviane,
Tenta alugar um dia antes de comprar e experimenta com elas. Ou compre para jogar com outras pessoas e, se elas gostarem, é lucro.
Se serve de informação, minha sogra (que adorou o Azul original, tive que dar um para ela), gostou do Pavilhão de Verão, mas não mudou sua preferência!
Sds,
Eduardo